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70.000 visitas registadas durante a 1ª edição digital da Feira do Livro de Braga

Terminou esta quinta-feira, 3 de setembro, a 29.ª edição da Feira do Livro de Braga, a primeira em formato digital. Ao longo de 60 dias, o certame recebeu mais de 20 mil visitantes, que se traduziram em mais de 70 mil visitas.

Ao longo dos 60 dias, para além da feira virtual, a 29ª edição contou com uma programação cultural diversa, dinamizada quer pela Câmara Municipal de Braga (CMB) quer pelo grupo dst, mecenas do evento, num total de mais de 160 ações, que equivaleram a cerca de 49 horas de atividade

As sessões em streaming permitiram atrair novos públicos à feira, tendo passado pelo Facebook da iniciativa, e de muitos outros parceiros, autores nacionais e internacionais, que contribuíram para o debate e apresentação de novidades no mundo literário. O público pôde assistir a 13 conversas com escritores e outras personalidades, entre as quais se destacam as sessões com o escritor José Luís Peixoto ou o músico Fernando Ribeiro, dos Moonspell. Estas sessões permitiram ainda atrair um número elevado de público, por se tratar de uma transmissão aberta a todos, via Facebook. Para além de um aumento da audiência, a diversificação geográfica foi um ponto a favor neste tipo de transmissões ao vivo. Desta forma, assistiram às sessões pessoas de todo o país, mas também do Brasil, Espanha, França, Suíça, Reino Unido, Alemanha e outros territórios.

Este formato online permitiu receber visitas provenientes de todo o mundo, destacando-se a visita de utilizadores provenientes do continente americano e da Ásia (Macau, Hong Kong, Arábia Saudita), a que se juntaram os europeus.

Em Portugal, a Feira do Livro de Braga foi visitada, maioritariamente, por bracarenses (40% das visitas), tendo recebido ainda visitas do Porto (24%), Lisboa (19%), Aveiro, Coimbra, entre outros distritos do país, assim como das regiões autónomas da Madeira e dos Açores. Destaque ainda para a participação do público feminino (70%), contra 30% de visitas do público masculino. Esta edição recebeu visitantes com idades muitos diversas, desde os 18 aos mais de 65 anos, sendo que as visitas foram realizadas maioritariamente a partir de dispositivos smartphone, seguido das visitas a partir de computadores desktop.

Esta interação e dinamização via página Facebook da Feira do Livro de Braga traduziu-se numa elevada percentagem de engagement (8,5%) naquela rede social, posicionando o evento no segmento de Feiras do Livro, com um crescimento de mais de 30%.

Para Lídia Dias, Vereadora da Cultura, o balanço da Feira do Livro pode ser considerado positivo "apesar das circunstâncias". No entender da responsável pelo Pelouro da Cultura, esta opção " revelou-se como a mais lúcida em face do contexto", permitindo uma "abertura clarividente ao universo digital" quer dos livreiros, quer da própria Feira do Livro, "que cresceu em visibilidade". "O ideal era termos realizado a Feira do Livro no formato habitual, no entanto encontramos uma fórmula que nos permitiu sublimar as limitações que este tempo nos impõe", salienta.

Apesar do balanço das vendas "não ter sido satisfatório para todos", a Vereadora da Cultura acredita que a oportunidade criada por esta pandemia "poderá ter permitido uma abertura promissora ao universo digital, que poderá potenciar as próximas edições da Feira do Livro de Braga" que, espera, "possa regressar à normalidade". 

Ao todo, e com cerca de 6 mil livros disponíveis na plataforma Dott, os 20 expositores registados na Feira do Livro de Braga responderam a centenas de solicitações de clientes, que se traduziram em vendas de mais de 600 livros, mas com impactos diferentes em cada expositor, uns venderem muitos e outros tiverem vendas baixas. As compras foram feitas maioritariamente por mulheres (64%), a partir de equipamentos moveis (smartphones), sendo que o universo que mais comprou foram pessoas entre e 25-34 e 35-44 anos.

Para José Santos, responsável da Livraria Fernando Santos, apesar do balanço não ter sido positivo a nível de vendas, o novo formato da feira “obrigou a livraria a modernizar-se a nível de comunicação, possibilitando o alcance de públicos que anteriormente não eram habituais”. O expositor acredita que, apesar da participação não se ter materializado num retorno imediato, “a curto prazo irá colher os frutos dessa promoção”.

Um dos princípios orientadores da 29.ª edição da Feira do Livro de Braga passava pelo apoio aos livreiros, editoras e alfarrabistas da cidade, para além da promoção dos expositores na plataforma Dott, este apoio assumiu ainda uma vertente financeira direta, na aquisição exemplares que foram alvo de oferta em passatempos promovidos na página oficial.

“Este ano tivemos uma Feira do Livro diferente e, com recurso às plataformas digitais, foi possível alcançar público nacional e internacional. Essa é a imagem que fica da edição deste ano e que, apesar das circunstâncias excecionais, se revelou um evento agregador de um sector cada vez mais fulcral na nossa sociedade”, refere Ricardo Rio, presidente da Câmara Municipal de Braga e da InvestBraga, lembrando que “houve a preocupação de desenvolver várias ações de promoção das livrarias, alfarrabistas e editores com a finalidade de os apoiar de forma a recuperarem rapidamente destes meses difíceis”. Em 2021, “esperamos voltar ao formato tradicional e continuaremos a contribuir para que Braga tenha um papel importante na promoção da leitura”, conclui Ricardo Rio.

Já José Teixeira, Presidente do Conselho de Administração da dst group, confessa que “num ano único e enlouquecido, a dst também se adaptou para vencer o «19»” e que “sem as armas da liberdade, sem a literatura e a poesia, tudo seria ainda mais difícil e a loucura navegaria mais incontrolável”. O mecenas da feira afirma que o grupo “continua, como há 25 anos, a promover o Grande Prémio de Literatura e a apoiar a festa dos livros e da leitura, a apoiar a Feira do Livro de Braga”. E acrescenta ainda que: “neste ano, empenhamo-nos ainda mais e contruímos com a InvestBraga um programa cultural tendo em vista a nossa sanidade mental e a de todos que precisam da liberdade e da ferramenta que a suporta, o conhecimento fundado nos livros”.

Com a digitalização da Feira do Livro de Braga, como consequência da pandemia de COVID-19, as livrarias, editoras e alfarrabistas encontraram, na plataforma online Dott, uma alternativa à habitual venda física de livros na feira. Carlos Silva, administrador executivo da InvestBraga, aponta a transferência do processo de vendas para a web e a digitalização dos catálogos das livrarias e alfarrabistas de Braga como “o ponto mais positivo desta edição”. Para o administrador executivo da InvestBraga, “esta foi uma oportunidade para a modernização digital, que veio consolidar nas livrarias e alfarrabistas a venda online e que estas poderão optar pelo prolongamento deste modelo de negócio após o término da feira”.

Carlos Silva considera ainda que “foi a mais longa Feira do Livro de Braga experienciada, em termos de tempo e ações culturais e envolvimento de publico digital, com um balanço global muito positivo e com um envolvimento muito forte de todos os parceiros, entre outros a dst group e o programa de radio “Livros com RUM”, de António Ferreira, aos quais temos de deixar um agradecimento especial”.

Para Conceição Norberto, proprietária da Livraria ler.com.gosto, “apesar de todas as condicionantes que a abordagem de uma feira do livro numa plataforma digital tem, fiquei sensibilizada com todo o empenho na realização da Feira do Livro do Braga de 2020 e parabenizo todos os envolvidos pela iniciativa”.

Por outro lado, Alcides Santos, faz um balanço extremamente positivo desta que foi a primeira participação da Livraria Senda na feira. Para o livreiro, “a aposta neste formato digital foi a opção mais acertada tendo em consideração o contexto atual”. Relativamente ao retorno financeiro, este foi “acima das expectativas”, confessa o expositor.

A reformulação da Feira do Livro de Braga, evento literário mais emblemático da cidade, num modelo acessível a todos os bracarenses e não só, veio reafirmar a aposta da Câmara Municipal de Braga, da InvestBraga e da dst group na cultura e na literatura, mesmo no período de confinamento.

“Em 2021, a organização da 30ª edição da Feira do Livro de Braga passará pela idealização de um evento híbrido, que contenha uma componente presencial, assim as circunstâncias o permitam, e vendas online”, adianta Carlos Silva.

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